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Seu Espinho e Flor de Tuna

Marcelo Oliveira

Seu Espinho era do campo, morador da serrania
Era lanceiro de noite, mas era espinho de dia
Flor de Tuna era caseira, usava saia de chita
De dia se achava feia, de noite andava bonita.

O pé de tuna do campo era o cenário perfeito
Pra um amor de flor bonita e um espinho de respeito
Seu Espinho, moço novo, se apaixonou pela flor
Mas tinham muitos no campo que juravam o mesmo amor.

Ele era espinho de fato, meio rude, mas direito
Só era de fazer mal a quem chegasse sem jeito
Flor de Tuna tinha graça mimosa de flor vermelha
Só mostrava seus sorrisos pra receber as abelhas.

Mas Flor de Tuna se abria quando a lua despontava
Rodava as franjas da saia e pra todos se mostrava
Deitava sobre os espinhos, judiava deles sem dó
Amor sem ser dos dois lados é amor de um lado só.

Quem passasse assim, olhando, às vezes falava baixinho
Como pode a mesma tuna dar flor bonita e espinhos
Mas num domingo, à tardinha, passou um gaúcho na estrada
E levou a Flor de Tuna de presente à namorada.

Levou a mão entre espinhos, com jeito arrancou a flor
Seu Espinho e outros tantos viram partir seu amor
Não puderam fazer nada, hoje lamentam sozinhos
Era bonita demais pra viver entre os espinhos.

Flor de Tuna foi-se embora, sem adeus disse na ida
Pareceu que não gostava nem um pouco dessa vida
Foi nas mãos de cavaleiro para enfeitar um ranchinho
Vai sentir falta de casa, murchando devagarzinho.

Mas Seu Espinho ainda chora noites inteiras de mágoas
Flor de Tuna foi pra longe, foi morar num copo d'água.

Composição: Cristian Duarte Camargo/Paulo Henrique Teixeira de Souza





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