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Luar De Paquetá

Orlando Silva

Nestas noites olorosas
Quando o mar, desfeito em rosas,
Se desfolha à lua cheia
Lembra a ilha um ninho oculto
Onde o amor celebra em culto
Todo encanto que a rodeia

Nos canteiros ondulantes
As nereidas incessantes
Abrem lírios ao luar
A água em prece borborinha
E em redor da capelinha
vai rezando o verbo amar.

Jardim de afetos
Pombal de amores
Humildes tetos
De pescadores
Se a lua brilha
Que bem nos dá
Amar na ilha
de Paquetá

Pensamento de quem ama,
Hóstia azul, fervendo em chama,
Entre lábios separados...
Pensamento de quem ama
Leva o meu radiograma
Ao jardim dos namorados

Onde é esse paraíso
O caminho que idealizo
Na ascensão para esse altar
Paquetá é um céu profundo
Que começa neste mundo
Mas não sabe onde acabar...

IV

Sobre o mar de azul rendado,
Que é toalha de um noivado
Surge a ilha – taça erguida.
E o luar – vinho dourado
Enche a taça do passado
Que embriaga a nossa vida!
Ai, que filtro milagroso,
Para a mágoa e para o gozo
Para a eterna inspiração!
O luar, na mocidade,
Abre as rosas da saudade
Dentro em nosso coração”.

Composição: Carlos Alberto Ferreira Braga/Francisco Jose de Freire Junior/Hermes Fontes/Porfirio Martins Costa





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