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O Buraco da Fechadura

Pierre Simões

Fazia tempo que eu queria chegar junto e sentir o cheiro doce da gostosa da vizinha
Chupar aqueles seios lindos moreninhos, bem feitinhos, bonitinhos, esculpidos na reguinha.
Mas a danada sabe que é desejada, não dá bola, nem dá papo, muito menos um bocado.
Está guardando para um cabra a quem agrada, bem dotado, endinheirado e com um carro importado.
Fiquei sabendo que ela vai casar de branco,
Com muita pompa na Igreja do Rosário
Ganhou vestido de uma dona lá do banco, uma jóia, um pingente e um bambolê de otário.
Ela marcou de passar lá na massagista pra fazer uns arremates no seu corpo de sereia
Pintou as unhas, fez também mais uma lista das coisas que só faltavam pra fazer um pé-de-meia.
Fiquei de alcova atrás da porta da madame pra olhar na fechadura o buraco e então pasmei
Ela nuinha, gostosinha, tesudinha, uma bundinha empinadinha, só Deus sabe o que eu passei.
E depilou a bacurinha com afinco
Fazendo um coraçãozinho aparecer
Depois se perfumou Chanel número cinco, se vestiu, depois sorriu, se despediu, feliz pra ser.
E ao entrar à noite no átrio da Igreja, linda, estava sorridente, sob as luzes do altar.
Morri de inveja do seu noivo reluzente, parecia um presidente com seu terno a brilhar.
Então o padre abençoou as alianças, desejou muita esperança e declarou de uma vez,
Marido e mulher agora estão casados, então disse para o noivo, a noiva ele beijar.
Eu só pensei no buraco da fechadura
Onde a vi pura prestes a se entregar
E um segredo que eu guardo com esmero, nem a Deus, assim espero, jamais vou-lo revelar.

Composição: Pierre Simões





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