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Sábia

Poeta Antônio Carlos

Eu tenho uma viola
E um sabiá na gaiola que me
Acorda de manha
E mesmo sendo um passarinho
Eu compreendo que o bichinho
Percebe que eu sou seu fã

Mas quando eu faço um sustenido
Num acorde mais sofrido de doer no coração
No seu canto entristecido Parece que esta dizendo aqui eu estou sofrendo
Me leva de volta pro sertão

Mas pra contar direito essa história
Eu vou puxar na memória m
E dizer tudo direitinho
Um dia eu fui passear pela roça
E vi no beiral de uma palhoça
Um alçapão armado,
E em poucos minutos depois
Como dizem os poetas
O maestro da floresta tinha sido
Aprisionado

E estava nas mãos de um menino
O filho de um roceiro
Que nos chamava de Tião Mineiro por ele
Ser daquele estado,
Que na sua inocência me vendeu
O passarinho por precisar de alguns trocados

Mas agora eu compreendi
Prendendo um pássaro nobre
Dentro de uma gaiola.
Pra quê?
Pra levar uma vida tão pobre!
E cantar a troco de esmolas

E ainda sem dever crime
Sem direito a advogado
O seu delito era cantar bonito
Fazendo ecoar todo o serrado

Talvez você que está me ouvindo
Não sabe o quanto eu me arrependo
Mas eu sei que DEUS esta vendo
E pode me dar o perdão,
Ele que esta nas alturas
Fez criações e criaturas
E ao pássaro deu asas pra voar a imensidão
Quem sou eu pra ter motivos, pra prender
Este tão inofensivo nesta pequena prisão

Em fim hoje chegou o dia de ir outra vez
Passear pela roça eu quero chegar perto
Daquela palhoça onde estava a armadilha
Que te fez prisioneiro,
Vou abrir a porta desta gaiola
E falar pra você bem baixinho
Vá passarinho, vá voar toda a floresta,
Que a passarada em festa irão te receber
Vá sabiá volte pra tua casa,
E monte um exército de asas e não deixe ninguém
Mais te prender

Façam uma grande revoada, desarme todas as ciladas
Preparadas pra você.

Composição: -





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