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Biografia de Quo Status

Tudo tem início em 1962, quando Francis Rossi e o baixista Alan Lancaster se unem para formar um grupo chamado The Scorpions (muito antes do outro Scorpions alemão). Depois de algum tempo de garagem, a banda passou a se chamar The Spectres, e logo com a mudança de nome, passaram a se ligar mais em guitarras, graças ao rock de Cliff Richard (na época um verdadeiro “Elvis Presley” inglês). Nessa época conhecem o baterista John Coghlan, que tocava em outra banda das redondezas, o The Cadets. A sonoridade psicodélica da época “pedia” por teclados, e descolam o veterano Roy Lynes para a função. E como toda boa banda iniciante de rock, topavam qualquer parada; tocando em praticamente todas as festinhas e pubs da região de Beckenham, na Inglaterra.

Em 1966, assinam com a gravadora Pye, que lançou o primeiro single dos rapazes, “Hurdy Gurdy Man” (mais de um ano antes do hit homônimo do Donovan). Ao mesmo tempo em que mudam o nome para The Status Quo, o então empresário dos rapazes na época, John Schroeder, decide que Rossi precisa de um vocal de apoio. Sábia decisão, pois é com essa finalidade que convocam Rick Parfitt, que na época tocava em cabarés da região, para dividir as funções de vocalista e de guitarrista com Francis Rossi.

Lançam seu primeiro single como “Status Quo” em 1968, “Pictures Of Matchstick Men”, que rapidamente se tornou sucesso, inclusive aqui no Brasil. Com um single estourado, a gravadora investe num álbum inteiro dos rapazes, que se chamou “Picturesque Matchstickable Messages From The Status Quo”. A gravadora tentava passar uma imagem de banda bem comportada, o que deixava os músicos furiosos, e quase culminou com o fim do grupo. Ainda nessa praia, sai “Spare Parts” em 1969, que literalmente não deu em nada.

Os shows se tornam mais interessantes, pois passam a abrir para o Fleetwood Mac de Peter Green e para o Chicken Shack de Stan Webb, que quando viu o Quo no palco exclamou: “Que lixo é esse que vocês estão tocando?” A banda começou a perceber que algo estava errado, aquele definitivamente não era o som que eles queriam fazer. Nesse clima lançam mais um álbum, “Ma Kelly’s Greasy Spoon”.

Em Londres um verdadeiro “revival” do rock n’ roll dos anos 50 estava rolando; os jovens estavam meio aborrecidos com aquele tipo de bandas folk-psicodélicas. A influência de Chuck Berry estava por todos os lados, os The Rolling Stones tocavam suas músicas, Jimi Hendrix tocava suas músicas, e o próprio Berry abria shows do The Who no Royal Albert Hall. Isso tudo, levou o Quo a acreditar no seu próprio som, que era o rock de três acordes, e a mudança foi inevitável. Roy Lynes é dispensado (para que teclados agora!), e já em 1970 estavam totalmente convertidos ao rock e ao boogie. Justamente nessa época que aparece na vida deles um novo “tour manager”, Bob Young; que se tornou o principal parceiro de Rossi nas novas composições da banda. Bob sempre foi considerado o 5o membro do Quo, e sempre participou da maioria dos discos do grupo.

Rossi se aborrece com a cena mod inglesa, que tinha como ídolos, obscuros artistas negros da soul music americana. O guitarrista assumia nunca ter ouvido tais artistas, e o Quo num ato de rebeldia, já negava toda uma cena em favor da sua própria sonoridade.

Batizam seu novo disco com o bizarro nome de “Dog Of Two Head”, em 1971. O som passa a ser mais violento, apesar das pitadas de psicodelia em algumas passagens. A nova e melhor fase ainda estava por vir, e para tanto, mudam de gravadora, passando a trabalhar com a Vertigo, uma subsidiária da Phonogram que era a “casa” do Black Sabbath, do Uriah Heep e do Gentle Giant, ou seja, um selo muito mais familiarizado com o rock pesado da época.

Com tudo a favor e no mais alto astral, a banda entra em estúdio e pela primeira vez resolve se auto produzir. O resultado não poderia ser outro, e “Piledriver” é lançado em 1972, marcando definitivamente o tão peculiar “estilo Quo de tocar”. O disco é matador em todos os sentidos, e uma versão para “Roadhouse Blues” dos The Doors se torna o primeiro hit do disco, seguido por “Paper Plane”. O sucesso finalmente batia a porta do grupo, depois de anos e anos de luta e insistência. Agora como uma das maiores revelações da cena inglesa, em tempos que todos só queriam saber de coisas como David Bowie, T.Rex e Yes, o Status Quo impunha violentamente sua agressiva sonoridade, arrebatando uma verdadeira legião de fãs por todo o continente.

No auge, o grupo ainda lança outra pérola “Hello” de 1973, que mantinha o mesmo pique do anterior. Os shows passam a ser cada vez mais concorridos, afinal a presença cênica da banda era das mais impressionantes. Com o sucesso e a fama, as drogas e o álcool também marcam presença em suas vidas.

Uma tensão começa a surgir dentro da banda, o fato da maioria dos hits do Quo até então terem sido escritos pela dupla Rossi/Young, causa um certo misto de inveja e ciúme nos demais integrantes. Toda essa confusão reflete no álbum seguinte, “Quo” de 1974, onde a maioria das composições passam a ser de autoria de Parfitt e Lancaster. Os “novos” compositores não conseguem repetir a boa fase dos dois discos anteriores.

Para o disco de 1975 “On The Level”, Rossi e Young assumem a liderança novamente, e o resultado não poderia ser outro, o disco é 100% Quo, do começo ao fim. Quanto às composições, a confusão continua, com cada integrante mais Bob Young, querendo colocar pelo menos duas composições de própria autoria por disco. Como aparece em “Blue For You” de 1976, onde todos com exceção do baterista, assinam as composições. Talvez o disco mais porrada da banda, que refletia todo o estado mental dos integrantes, ou seja, a mil por hora, com shows agendados por todo o continente. Nessa altura, são garotos- propaganda da Levi’s, pois os jeans surrados passam a ser marca registrada da banda (basta conferir a capa de “Blue For You”).

Fazem três memoráveis shows no Glasgow Apollo, em outubro de 1976, que até hoje não são esquecidos pelos fãs ingleses e escoceses da banda. Gravado justamente nesses históricos concertos, o duplo “Status Quo Live!” é lançado em 1977, bem no meio da explosão do punk rock na terra da rainha. Ao contrário das bandas mais “pomposas”, o ambiente até que era favorável ao Quo, pois além do disco ao vivo trazer versões quase punks para os hits do grupo, os mesmos eram tratados como ídolos “do povo” pelo público inglês - estavam acima de qualquer suspeita.