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Biografia de Romulo Fróes

Romulo Fróes (São Paulo, 1973) é um cantor e compositor brasileiro.

Romulo Fróes começou sua carreira na música como integrante da banda Losango Cáqui, com quem gravou dois álbuns: Losango Cáqui, de 1998 e #2, de 2000.

Em seguida, partiu para carreira solo, gravando um EP em edição limitada. Começou a angariar mais destaque na mídia e espaço para shows com o lançamento de um elogiado CD em 2005, Calado pelo selo Bizarre e cujas composições foram feitas em parceria com os artista plásticos Nuno Ramos e Clima.

Fróes fez um disco melancólico de samba, influenciado por grandes nomes do samba e bossa de raiz, como Nelson Cavaquinho e Batatinha, com uma pitada do indie rock contemporâneo, principalmente a sua vertente "slowcore".

'Calado' foi indicado a prêmios e rendeu a Fróes várias apresentações ao vivo. A crítica vem considerando o álbum como um dos mais depressivos e singulares do cancioneiro brasileiro atual.

Romulo Fróes, 38, (2009) nunca se ouviu no rádio. Espera o dia em que, andando na rua, vá escutar ao acaso a própria voz saindo das caixas de som de alguma loja, dentro da programação normal das emissoras.

Apesar disso, "No Chão sem o Chão", CD duplo que ele lança agora, não gasta nenhum dos seus quase 120 minutos tentando facilitar esse caminho. Ao contrário.
Nada em suas 33 faixas segue as "fórmulas infalíveis" das paradas de sucesso.

Ao mesmo tempo em que constrói um dos álbuns mais ousados da música brasileira recente, o autor dos já certeiros "Calado" (2004) e "Cão" (2006) dá um salto artístico particular inacreditável.

"Este [novo] disco foi muito influenciado por situações de shows. Como eu tinha que ser ouvido no palco, pluguei a guitarra. Pelo mesmo motivo, os caras do samba que me acompanhavam antes começaram a não ficar mais a fim de tocar comigo. E os do rock se aproximaram."

Não só os roqueiros. Artistas de várias escolas comparecem no CD, como, entre outros, o pianista André Mehmari, o guitarrista Lanny Gordin, o trompetista Bocato, as pastoras da Velha Guarda da Nenê de Vila Matilde, as cantoras Mariana Aydar e Andreia Dias.

O álbum, aliás, torna mais impalpável a linha entre o Romulo sambista e o Romulo indie, espécie de dupla personalidade apontada pela crítica em trabalhos anteriores. Ele próprio renega os rótulos. "Isso de sambista pegou mal. Não tenho nada a ver com resgate de samba de raiz e acharam que eu fazia parte disso", conta.

"Por outro lado, essa noção mais comum de artista indie também não combina comigo", continua. "Todas as minhas influências musicais vêm de dentro do Brasil, de coisas que já foram feitas aqui. O Radiohead não me ensinou absolutamente nada. Nem o Joy Division, que eu amo, nem o New Order."

De todo modo, "No Chão Sem o Chão" tem menos chances de ser enquadrado na prateleira do samba que na do rock. "Eu tinha composto uns sambinhas tristes, e os caras colocaram guitarra, baixo e bateria", diz, referindo-se aos músicos Guilherme Held, Fabio Sá e Curumin.

"São arranjos de banda em músicas que não foram pensadas praquilo. Tem uns solos que parecem não ter muita função, umas guitarras que não acabam mais. Essa coisa estranha me influenciou na composição das outras músicas."

E a estranheza do trabalho não está apenas em seu instrumental. As letras, dos artistas plásticos Clima e Nuno Ramos, colaboram muito para essa sensação. Quase sempre herméticas, fazem referências ao samba clássico de Monsueto a Nelson Cavaquinho e até ao tropicalismo.

Dá para notar que os letristas jamais entregam o sentido exato do que querem dizer. Como se estivessem pintando telas, preferem deixar que as palavras sugiram imagens ao ouvinte. Como Fróes, eles parecem não se importar muito com o que vão pensar as estações de rádio.

O disco duplo “No Chão Sem o Chão”, lançado na rede espontaneamente por Romulo, o trabalho se divide em duas sessões, “Cala a Boca Já Morreu” e “Saiba Ficar Quieto”.