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Cachorro

Rubel

Eu quero que o tempo
Descanse um segundo
Se esqueça do mundo
Num espaço qualquer

Feito um cachorro
Nadando na água
Sem nome, nem mimo, nem nada
Nem chão pra dar pé

Eu quero sair
Da minha própria vitrine
Virar meu avesso
Poder dar no pé

Feito um cachorro
Nadando na água
Sem nome, nem mimo, nem nada
Nem chão pra dar pé

Feito um moleque
Rodando a cidade
Buscando uma pipa, com pouco de pressa
Com muito de fé

Ela me falou
Que existia alguma coisa boa, boa, boa, boa, boa, boa, boa
Que não tem razão
(Eu quero viver
Eu quero cantar)

Eu quero que a noite
Através de um brilho
Me lembre o sorriso
De um amigo de fé

Feito uma nuvem
Lembrando um cavalo
Talvez dinossauro
Ou um carro de ré

Feito a janela
Contando, aberta
Saudades antigas
Da cidade em pé

Eu quero viver
Eu quero cantar

Eu quero que o canto
Destelhe a cabeça
Que os nós amoleça
Do pé, do peito do pé, do peito e do coração

Feito um cachorro
Jogando areia pro alto
Cavando um belo buraco
Inventando besteira sem hesitação

Feito um tornado
Ventando uma vaca
Voando a janela, criando um espaço
Pra reconstrução

Ah, ah, ah, ah, ah, ah, ah
Ah, ah, ah, ah, ah, ah, ah

Composição: Carlos Meijueiro/Rubel Brisolla Rodrigues





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