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Velório Pobretão

Sidney Lima



Fui assistir um velório de um parente da tia Chica
Vou contar pra vocês como as coisas se complica
O pobre só vai pra frente quando por sorte tropica
E mesmo depois de morto dá trabalho pra quem fica.

A situação era triste no velório pobretão
O morto em cima de um banco morreu sem vela na mão
Ali não tinha café, cachaça, nem chimarrão
Começou falar cadeira, jogaram o morto no chão.

Eu por mais humanitário tomei uma decisão
Inventei uma carpeta, fui tirando comissão
Mandei comprar umas velas, tabuas, pregos pro caixão
Café, e um pouco de açúcar e quinze quilos de pão.

Quando acenderam as velas e acabou com a escuridão
Foram servir o café, deu a maior confusão
Pois não é que o vivente levantou uma das mãos
Meteu dentro da bandeja, pegou um pedaço de pão.

Quem estava fazendo sala se sumiu na escuridão
Como eu não sou assustado fiquei ali de garçom
Tratei bem do defunto, café bem doce e pão
De esganado comeu muito e morreu de congestão

Pra levar pro cemitério fizemos um puchirão
Por lá um pegou na pá, botei mais dois no picão
Rezei uma Ave-maria quando baixaram o caixão
Pois quem não faz caridade não merece a salvação.

Composição: Bruno Neher / Sady A. da Silva





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