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Filhos do Degredo

Silvio Sodré

Enquanto seus filhos comem comida farta no jantar
Bem ao lado, há os que têm fome ao relento sem luar
Enquanto seus filhos correm livres pelos campos pueris
Há aqueles que têm medo das bombas e dos fuzis

Há os que passam fome, há aqueles que têm medo
Há os que não têm nome, são os filhos do degredo
São os filhos do degredo

Enquanto seus filhos sonham lindos sonhos de criança
Há aqueles que não dormem de tamanha insegurança
Enquanto seus filhos crescem sãos, fortes e sem carência
Há também os que definham ou de fome ou de doença

Há os que pedem auxílio, há os que vivem em segredo
Em orfanatos e asilos, são os filhos do degredo
São os filhos do degredo

Se quiser cuidar bem dos seus filhos
E lhes deixar um mundo lindo como herança
Deve ensinar-lhes, desde cedo, com exemplos,
A ter fé, caridade e esperança
Só assim, na Terra não mais terá
Os filhos do degredo

Enquanto seus filhos choram por motivos às vezes banais
Há os que pranteiam por seus mortos nas enchentes e temporais
Enquanto seus filhos vivem com seus carinhos e proteções
Há os que morrem pelos desertos dos nossos próprios corações

Há os que vivem de fracassos, há os que vivem sem enredo
Há os que vivem sem laços, são os filhos do degredo
São os filhos do degredo

Se quiser cuidar bem dos seus filhos
E lhes deixar um mundo lindo como herança
Deve ensinar-lhes, desde cedo, com exemplos,
A ter fé, caridade e esperança
Só assim, na Terra não mais terá
Os filhos do degredo

Composição: Silvio Sodré





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