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Biografia de The Drums

Com menos de dois anos de existência, o quarteto nova iorquino de indie pop The Drums, lançou seu primeiro álbum, auto-intitulado. O som da banda, bem como a aparência de seus integrantes, é descontraído e jovem. Cheio de energia, inspira-se em algumas das bandas mais memoráveis de hormônios frenéticos de outrora.

Não há absolutamente nenhuma dúvida de que eles vestiram suas influências em alto e bom som. É possível notar em sua sonoridade uma dose de Smiths, um traço de Joy Division, o uivo de Robert Smith, além do rock de garagem do Strokes, um quê de Franz Ferdinand e os refrões surfistas dos Beach Boys. O Drums expande o frescor desses artistas, mas mantém um estilo modesto e minimalista.

A banda não é exatamente complexa quando se trata de analisar seu jogo de palavras. "Eu achava que a minha vida ficaria mais fácil / Em vez disso, ela está ficando mais difícil", canta o vocalista Jonathan Pierce em "Book Of Stories". Algumas composições apresentam um estilo Morrissey, como na abertura "Best Friend": "Você foi meu melhor amigo / Mas, então, você morreu".
O disco também está repleto de histórias de corações partidos entrelaçadas a alguns dos refrões mais ensolarados do ano. Esse contraste constrói uma audição surpreendentemente envolvente. Cativantes, também, são os refrões, com melodias muito bem trabalhadas. É um álbum abastecido com músicas instantaneamente atraentes.

A simplicidade edifica o disco e o torna fascinante. Essa ausência de complexidade poderia dar margem a rótulos, como pop descartável, mas tal argumento é relevante quando consideramos a longevidade de várias canções ingênuas dos Beatles, por exemplo.

O disco abre com "Best Friend" mostrando a escuridão ensolarada da banda em um conto sobre um amigo que morreu muito jovem. Em "Me and the Moon", Pierce faz observações cortantes, como "você ainda dorme de costas para mim".

A leve e alegre "Let's Go Surfing" é o single do ano passado que os revelou, lançado no EP "Summertime!" juntamente com a balada dos anos 50 "Down by the Water", um dos momentos em que o excêntrico vocalista soa como um romântico deprimido. A ótima faixa 4, "Book Of Stories", remete ao pop dos anos 60, com sua linha de baixo retrô.
"Skippin' Town" apresenta outro refrão pegajoso, assim como "Forever and Ever Amen". São trilhas sonoras para um verão quente e inofensivo. A segunda metade do disco é menos exuberante, mas mais reveladora. Nela, o grupo mostra que também tem qualidade em espaços íntimos.

"It Will All End In Tears" e "We Tried" são histórias de amor, com batida lenta e baixo forte. A faixa 10, "I Need Fun in My Life", é um tocante e desolado pop, enquanto "I'll Never Drop My Sword" é uma ode à perseverança, com vocal exausto. E o debut é encerrado com a serenidade trazida pela percussão de "The Future".

Diversas estréias, como a do Vampire Weekend, ou do recente Beach Fossils, enfrentaram o mesmo problema com o qual o Drums parece se deparar: falta um elemento surpresa. O quarteto aderiu às influencias mesmo após uma década em que essas fontes foram completamente exploradas. Além disso, alguns poderiam dizer que se trata mais de estilo do que de substância.

Seja lá como for, "The Drums" é, sem dúvida, um dos lançamentos mais espirituosos e com atmosfera mais fresca deste ano. Não há como negar que o álbum é repleto de músicas para desfrutar prazerosamente.