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Biografia de The Strawbs

Era no tempo de El Rei Elvis, quando no final dos anos 50 os amigos David Cousins e Tony Hooper resolveram juntar suas tralhas e tocar folk, blues, Bluegrass (folk do norte dos EUA) no circuito de pubs do oeste de Londres. Nesse meio tempo Cousins resolve adquirir um banjo (tornando-se um dos melhores “banjistas” da Inglaterra) e a dupla mais alguns convidados começam a ensaiar no Strawberry Hill (algo como a “colina do morango”) de onde surgiria o nome da banda, “The Strawberry Boys”, mais tarde apenas “The Strawbs”.

Durante os pequenos shows no circuito folk, Dave assiste ao show de uma cantora e fica extremamente impressionado, convidando-a para integrar o grupo imediatamente. Essa cantora era Sandy Denny (que veio a integrar mais tarde outro ícone do folk rock inglês, o “Fairport Convention”). Em 68 Sandy é convidada a gravar com o grupo em Copenhagen, mas as gravadoras recusam as fitas que acabam sendo engavetadas e Sandy acaba saindo.

No ano de 69 os Strawbs com Dave assumindo os vocais começam a gravação do que seria seu primeiro álbum, com a produção de Gus Dudgeon (hoje em dia conhecido pela produção de vários sucessos de Elton John). O álbum foi nomeado simplesmente “Strawbs”. Apesar de bastante influenciado por Bob Dylan, Beatles & Co, o Strawbs já mostrava suas próprias características, como na épica “The Battle”. As faixas longas e épicas iriam se tornar a marca registrada da banda, assim como experimentos como a orquestra árabe que foi usada na faixa “Where Is This Dream Of Your Youth”. A gravadora torceu o nariz para essas invenções de Dave & Co, mas foi “apaziguada” por uma sessão de músicas mais comerciais.

O ano de 70 vem marcar a primeira aparição do “mago dos teclados” Rick Wakeman no Strawbs. Rick, que emprestava seu talento a vários artistas como T Rex e David Bowie como musico de estúdio, é apresentado ao grupo pelo empresário Tony Visconti, e grava os teclados do álbum “Dragonfly”. Dave Cousins agradece a participação de Rick nos créditos do álbum, o que deixa Sr.Wakeman muito agradecido já que de todas suas contribuições a álbuns de artistas, era a primeira vez que isso acontecia.

No final do ano de 70 Rick é efetivado na banda, gravando o álbum “Just a Collection of Antiques and Curios” e fazendo uma série de shows com solos incríveis, o que chama a atenção do então mestre dos teclados Keith Emerson, que reserva imediatamente uma cadeira no show do Strawbs. Foi durante um desses shows que aconteceu o famoso episódio em que Wakeman socou um louco que havia invadido o palco justamente na hora de seu solo. Esse louco era ninguém senão o pintor surrealista Salvador Dali, que mostrou ser tão surrealista quanto suas pinturas.

Em 71 o Strawbs lança seu terceiro álbum “From the Witchwood”, mais uma vez com a participação de Wakeman. O álbum vende bem (chegando ao numero 39 nas paradas) e a turnê em médios clubes e universidades segue de forma satisfatória, mas Rick um mês após o lançamento do álbum resolve substituir Peter Kaye no Yes e deixa Cousins, Hooper & Co. “na mão” sem seu maior “coringa”. Porém o próximo álbum da banda, “Grave New World”, iria provar que o talento da banda não residia só nas mãos de Wakeman. O álbum é considerado pela maioria dos fãs como sendo a obra-prima do Strawbs. O play conceitual conta a estória de um homem comum, de sua infância até a morte , e possui clássicos definitivos como a faixa de abertura “Benedictus” e a faixa titulo. “Grave New World” chegou ao número 11 nas paradas britânicas. Porém nem tudo corria bem em Strawberry Hill, e um dos fundadores da banda, Tony Hooper, resolve sair, entrando em seu lugar o guitarrista Dave Lambert.

No final da turnê do álbum “Grave New World” Dave Cousins resolve dar um tempo nas atividades do Strawbs para lançar um álbum solo intitulado “Two Weeks Last Summer”, contando com um time arrasador: Roger Glover (Deep Purple) no baixo, John Hiseman (Tempest) na bateria, e Rick Wakeman nos teclados fazendo as pazes com Cousins. Musicalmente o álbum não difere nada do trabalho de Cousins no Strawbs, sendo até superior a muitos deles. Destaque para a épica “Blue Angel” e para a pesada “The Actor”.

Com o álbum “Bursting at Seems” o Strawbs atinge o auge de seu reconhecimento, alavancado pelos hits “Lay Down” (a letra desse som é parcialmente baseado no Salmo 23, curiosamente o mesmo utilizado pelos rappers Racionais Mc´s em uma de suas musicas), o hino das “trade unions” (espécie de sindicato Inglês) “Part Of The Union”, além de outras faixas que viriam a se tornar clássicos, como “Down By The Sea”. Detalhe: a introdução dessa última faixa é idêntica à intro da música do Metallica “Welcome Home (Sanitarium)”.

Uma grande ruptura antecedeu o lançamento do álbum “Hero and Heroine”, em 1974. O compositor do hit “Part Of The Union”, John Ford, caiu fora juntamente com o batera John Hudson, mas o incansável Cousins e seu novo escudeiro Dave Lambert continuavam na estrada e lançaram além do ótimo “Hero & Heroine”, os álbuns “Ghosts” (74), “Nomadness” (75), “Deep Cuts” (76, esse já apresentando uma sonoridade mais pop), “Burning For You” (77) e “Deadlines” (79), todos com momentos grandiosos e outros nem tanto, mas sempre seguindo o padrão Strawbs de qualidade.

No começo do ano de 1980 Dave Cousins resolveu que iria deixar os Strawbs. Com seu consentimento a banda recrutou um novo vocalista chamado Roy Hill. A banda com essa formação fez apenas dois shows... ficou provado que Dave Cousins é o Strawbs. E parecia que o fim dos “morangos” havia chegado...

Enquanto os fãs enxugavam as lagrimas, Dave lança um álbum solo com seu amigo Brian Willoughby e faz uma bizarra participação no álbum de estréia do Def Leppard, “On Through The Night”, recitando alguns versos na faixa “When The Walls Come Tumbling Down”.

O ano de 87 marcou a volta do Strawbs com o álbum “Dont say Goodbye”. Na formação, a volta de Tony Hooper, co-fundador da banda, foi o destaque. Em 90 é lançado o cassete duplo “Preserves Uncanned”, contendo algumas musicas da antiga demo com Sandy Denny e mais algumas inéditas. Esse lançamento foi seguido pelo álbum de estúdio “Ringing Down The Years”, talvez o mais fraco do grupo, porém trazendo faixas interessantes como a regravação de um antigo single da banda The King e a música feita em homenagem a Sandy Denny, falecida em 78, “Ringing Down The Years”.

O resto dos anos 90 passou meio em branco, apenas com alguns shows pelos pubs da Inglaterra, lançamentos de coletâneas e mais um álbum da dupla Cousins & Willoughby.

No ano de 2000 foi lançado um álbum ao vivo, “Complete Strawbs Chiswick 98”. Em 2001 o álbum “Accoustic Strawbs”, mencionado entre os 10 melhores álbuns do ano por um redator da revista Rolling Stones, foi seguido de outra turnê pelo circuito folk, incluindo alguns países da Escandinávia.

Em 2002, uma grande surpresa: Wakeman anuncia que irá gravar um álbum com Dave Cousins. Dito e feito, o álbum foi lançado com o nome “Cousins & Wakeman: Hummingbird”, e trouxe algumas regravações do Strawbs e faixas inéditas. Wakeman seguiu muito ocupado com seus projetos e com a turnê do Yes, enquanto Dave tocava com seu trio acústico.

O Strawbs é mais uma daquelas bandas que se recusam a parar, mesmo que o mercado esteja inundado pelo poder das gravadoras e Mr.Cousins esteja mais para vovô Geppeto do que para um rock star. Os coroas não arredam pé e continuam quebrando tudo! Longa Vida aos Strawbs!