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Biografia de Tribo de Gonzaga

A formação inclui triângulo e zabumba, mas não é uma banda de forró. Há flauta e cavaquinho, mas não é um grupo de chorinho. No meio de um show, os músicos podem partir para um improviso - e apesar dos solos livres do sax, não se trata de um grupo de jazz. O baixo pulsante e melódico, às vezes, reproduz alguns célebres riffs de guitarra, mas não se está diante de uma banda de rock. Um baião de Luiz Gonzaga pode se fundir com um reggae de Bob Marley para, em seguida, emendar com uma das mais célebres canções de Peter Gabriel, o papa da Word Music. Uma cantoria de Zé Ramalho pode conter citações do Deep Purple. Já um maracatu manguebeat chega a incorporar acordes de órgão hammond que lembram a legendária banda The Doors. A Tribo de Gonzaga é um pouquinho disso tudo, e é por essa razão que cada vez mais seduz um público predominantemente jovem, hoje já consolidado em fiel e crescente fã clube, que aumentará mais agora, com o lançamento de seu primeiro CD, “De mudar o coração de cada um”. A comunidade da Tribo no Orkut já conta com 1700 membros. A página da banda na web já tem quase 20 mil visitas e suas canções tiveram 31 mil execuções em pouco mais de um ano, somente no My Space (http://www.myspace.com/tribodegonzaga). Ou seja: se fosse no rádio, a Tribo estaria entre as mais executadas. Tanto no disco de estreia quanto nos shows, a banda mostra um poderoso leque de influências que vai de Luiz Gonzaga aos Beatles, de Chico Buarque a Jackson do Pandeiro, de Edu Lobo a Chico Science, dos mineiros do Clube da Esquina aos menestréis nordestinos Elomar, Zé Ramalho e Alceu Valença. Algumas das mais belas pepitas do rico cancioneiro do Brasil estão sendo descobertas pela juventude (e obviamente dançadas, livremente ou coladinho) graças ao trabalho dessa tribo, que recria a vertente nordestina da MPB com um rigor extremo e com a mesma criatividade com que as bandas surgidas na Lapa, há dez anos, recuperam para os jovens de hoje inumeráveis clássicos do chorinho e do samba de raiz. A Tribo de Gonzaga surgiu em fins de 2006 na cidade de Petrópolis, Região Serrana do RJ, como desdobramento do projeto “Viagem Musical pelo Brasil”, que excursionou pelo Sul e Sudeste do Brasil apresentando, para plateias predominantemente juvenis, os ritmos, os gêneros, os sons e as canções do Brasil que não tocam nas rádios do Brasil. Quando a excursão chegou ao fim, três dos músicos, veteranos apesar de jovens, continuaram a “viagem” fundando a Tribo de Gonzaga: Gabriel Tauk (contrabaixo e arranjos), Guido Martini (voz e violões) e Toni Madalena (voz, triângulo e percussão). O trio incorporou o reforço e o talento de Bruno Guimarães (flauta e sax), Guilherme Maravilhas (ex-Forróçacana, sanfona), Guto Menezes (cavaco e viola) e Yuri Garrido (zambuba e percussão). O nome é homenagem ao Rei do Baião, um dos pilares da MPB, pois no início a banda queria apenas recriar seus clássicos forrós pé-de-serra com arranjos modernos. Em poucos meses o público serrano descobriu a Tribo: em abril de 2007 ela foi uma a atração principal da 24a. Exposição Agropecuária de Petrópolis, apresentando-se para um surpreendente público de cerca de 10mil pessoas. E de lá para cá a banda vem lotando os salões nas mais diversas cidades fluminenses, em bailes-shows para 600 pessoas em média. Com o tempo, além de tocar os mestres, a Tribo começou a compor, e o CD de estreia é um exemplo de sua criatividade. O disco contém 12 canções, sendo nove próprias. As faixas vão de um xóte clássico à moda de Gonzagão (“Quando eu te vi”), a um maracatu atômico no estilo Chico Science (“Mata o Caboclo”), passando pela bossa-novista Joyce recriada em formato de baião (“Mistérios”), ou pela toada “Esperança Seca”, em que um arranjo complexo e as ricas harmonias vocais denunciam outra grande influência da banda: o Quarteto Novo, mítico grupo que acompanhava Edu Lobo na época de ouro dos festivais, formado por Hermeto Paschoal, Airto Moreira, Theo de Barros e Heraldo do Monte. Quatro formadores de músicos, quatro instrumentistas do mais alto quilate. Tribo com tão boas influências tem todos os motivos para cultuar seus ancestrais.