O que é que foi, o que é que foi. Oh! Meu Rio Grande!
O que é que foi que nosso povo está mudando
Há muito tempo nem vejo o berro do boi
E nem tão pouco uma potrada relinchando
Nunca mais vi na frente de uma estância
Um potro xucro e aporreado corcoveando
Nossos ginetes só domam potro encilhado
E assim mesmo no costado
Uns dois campeiros amadrinhando

Já não saem mais os nossos bailes de galpão
Que o índio guasca dançava até a madrugada
Abandonaram o velho fogo de chão
E o chiado da chaleira enfumaçada
Já não escuto uma cordeona de botão
E uma voz xucra de uma garganta afinada
A juventude é que tão dobrando o "arcate"
Só querem dançar em boate
E esquecem as campereadas

Trocaram a gaita pelo teclado e rabeca
Eu embrabeço e cada vez mais engrosso
Vejo os magrinhos corcoveando em discoteca
Pulam pra cima e acham que entendem do troço
Sou cru dos queixos e por mim que se leve a beca
Por meu Rio Grande eu sempre fiz mais do que eu posso
Até bandinha já tão tocando em mateada
E eu só com o toco da espada
Vou defendendo o que é nosso