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Moinhos de Tempo

China

Subúrbios invisíveis
Tudo o que se perde pra nada ganhar
Remédio que não cura gente
Mercado de imaginação
Somos cabeças cheias de promessa
Esperança e algodão
Que todo dia recomeça
Como se já fosse amanhã

Mas se depender dos olhos
Da antena pra raciocinar
Logo não saberemos mais
Para que serve pensar

De onde vem o tempo
E as horas desse lugar
Somos moinho de vento
Esperando o tempo cicatrizar

De onde vem o tempo
E as horas desse lugar
Somos moinho de vento
Esperando o tempo cicatrizar

Distúrbios tão sensíveis
Que da classe média nem dá pra notar
Cegueira que embaça a mente
Modelo de educação
Somos cabeças cheias
De esperança, fé em Deus, ilusão
Que todo dia recomeça
Como se já fosse amanhã

Mas se depender da força do sistema
Para nos salvar
Logo não saberemos mais
Para que serve lutar

De onde vem o tempo
E as horas desse lugar
Somos moinho de vento
Esperando o tempo cicatrizar

De onde vem o tempo
E as horas desse lugar
Somos moinho de vento
Esperando o tempo cicatrizar

Tá tudo meio embaçado, irmão
'Tamo caindo no abismo
Achando pisar no chão
Fica difícil sacar a real disputa
Quando tudo que passa no jornal
Me chega como verdade absoluta
A propaganda é só ilusão
Vos apresento o espetáculo-corrupção
Pro povo achar
Que só o voto é participação

Essa grande mídia
Tem que dar informação
A opinião sou eu que dou, vê se pode?
Só branco apresenta os programa
E até o horário é nobre
Sem alarde, vivência nem se compara a lattes
'Tamo sim fazendo complô
Em meio a raiva que cresce do golpe
Meu amor falou: Minha preta, tem que ter estratégia
Vencer os comédia, esses tal de comídia

Pernambuco dos brabo
Não tem rabo preso
Ninguém sai ileso dos verso
Que não tem cabresto
Eu não tenho sinhá nem sinhô
De onde vem o tempo e as hora do lugar
Que preto nenhum ocupou
Sangue nosso no caminho
Capitão do mato, zé povinho
É tirar o seu da reta

Sangue negro no caminho porque
Além do genocídio as ferida tão aberta
O povo mais brabo e vaidoso em linha reta
Nordeste em fúria, é muita injúria
Execução de Marielle Franco
Os sonho roubado nóis toma de assalto
Pra que a dor dos preto
Não mais passe em branco

Vamo' tirar uma panca
Ao invés de lembrar
A tal vitória capitalista
Tem que ter na memória
E no livro de história
Que a nossa elite era eugenista
Vaticano doado por um fascista

Oh meu Pai do céu, me ajude a enxergar
Até dói ser tão realista
Saber que tanto cristão diz: Amai a todos, irmão
Mas calam se o preto é executado
Só abrem a boca se o preto é cotista
De escravo a pobre trabalhador
De raça inferior a vitimistas
Século XXI e branco insistindo em ser neonazista
Fazem rebuliço só de pensar
Que Jesus podia ser negro

Que dirá uma preta contrariando estatística
Falando poesia marginal
Afrontando a literatura elitista
Quero preta no padrão de beleza
Mas goela abaixo nos enfiam certezas
Mercado de imaginação
Se for empresário tudo pode
Até vender carne podre pra população
Se pá fraudar patrimônio histórico em leilão

Bell Puã vai mandando a rima
Deixo um salve para mano China
Que os fatos eu possa entender
Mesmo quando a TV
Me fizer companhia
Que o sonho americano não seja
O pior pesadelo da América Latina
Respeita as mina

Composição: Flavio Augusto Dornelas Camara/Isabella Puente de Andrade/Yuri Hanoi Queiroga da Silva





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