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Numa Tarde De Céu Azul

Walther Morais

Numa tarde mormacenta ao tranquito no banhado
Vai um gaucho num mouro atrás dum cusco assoleado
De vez enquando o cusquito olfateando rasteia um trilho
E volta pra sombra do pingo que segue ao rumo tranqüilo
O mouro vara um a sangua com a água acima do flanco
Saltando pingos de prata até chegar no barranco.

Como uma estrela cadente surge um martim pescador
Se vai levantando o bico de um lambari descarnador
Dispara pra lote de avestruz peã várzea desparelha
Enquanto as nuvens do céu lembram um rebanho de ovelha
Um João grande solitário pensativo e encimesmado
Fica a pescar as tristezas na solidão do banhado.

É lindo olhar pro rio grande numa de céu azul
Não tem nada mais bonito
Que o infinito beijando os campos verdes do sul.

Um bando de quero-quero revoa a planície rasa
Que nem uma tribo alada de lança embaixo da asa
Lá no alto, no azul do céu cruza uma garça voando
Parece um lençol de adeus de algum amor acenando
Um corujão tresnoitado solta um grito de mau agouro
Enquanto a tarde se vai levando um gaucho num mouro.

Composição: Jose Joao Sampaio da Silva/Luiz Francisco Almeida Bastos/Odenir dos Santos





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