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Pra Não Falar Em Cavalo

Walther Morais

Uma moça me pediu pra que quando eu cantasse
Fosse brando e procurasse dar romantismo no embalo
Pois segundo ela, eu falo na potrada em demasia
E faço muita poesia só exalando o cavalo.
Ela só esqueceu que uma manhã de domingo
Que foi pra o lombo do pingo que ela pra mim se veio
Ficou babando no freio pealada pelo desejo
E o nosso primeiro beijo foi lá em cima dos arreios.

Pra não falar em cavalo só se eu tivesse nascido
Num pago desconhecido de pouca historia e talento
Se não houvesse argumento pra cantar o meu estado
E eu só andasse montado gineteando um pé de vento
Um gaucho de a cavalo anda mais perto do céu
Entre o lombo e o chapéu o horizonte é mais largo
E eu que tenho o duplo encargo de campeiro e cantador
Não poso negar o valor dos cavalos do meu pago.

Declamado:

Se a historia da nossa gente a casco foi desenhada
Quando a brava gauchada numa tropilha guerreira
Levou além das fronteiras nosso orgulho nativista
E o valor desta conquista não cabe numa lagibeira.

Cantado:

O rio Grade me conhece sou da lida e cantoria
E esporeio a rebeldia de xucros e mal domados
Gosto de andar bem montado, cantar as coisas que sinto
Faz parte do meu instinto de não viver cabresteado.
Não vou mudar o meu jeito pra não perder um namoro
No amor é livre o choro e ciúme carece espora
Se a china me desafora por causa da cavalgada
Eu dou uma escramussada, alço a perna e vou-me embora.

Composição: Dionisio Clarindo da Costa/Valter Antonio de Souza





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