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Quando a Espora Silencia

Edinho Perlin

[Quando uma espora se cala
Até a pampa silencia
Fica um manso em rebeldia
E um chucro mais bagual
Na moldura da lareira
Vira troféu de ilusão
De quem desferrou o garrão
Pelo êxodo rural]

A orquestra da sesmaria
Perdeu sua maestrina
Que regia teatina
O couro dos sem costeio
Que cantava liberdade
E silenciou pra saudade
Dos que emalaram os arreios

E o verso que andou calçado
Com essas mesmas esporas
Gavionando campo afora
Ciscando em baile de rancho
Veio hoje pra garganta
Cantar a alma do pampa
Que silenciou lá no gancho

(Podem calar o "tirrim"
Das rosetas cantadeiras
Enquanto o verso de campo
Andar plasmado no sangue
Não calam a voz do Rio Grande
Nem essas bocas campeiras)

As puas dependuradas
Conservam nos dentes gastos
Gosto de sangue e de pasto
Provado pela fronteira
Onde andaram garroneando
Campo afora milongueando
Nas cordas da barrigueira

As esporas na parede
Retratam a realidade
Que o tempo não tem piedade
Nem com o aço sanguinário
Quando a vida perde o brilho
O homem vai pro asilo
E a espora pro antiquário

(Podem calar o "tirrim"
Das rosetas cantadeiras
Enquanto o verso de campo
Andar plasmado no sangue
Não calam a voz do Rio Grande
Nem essas bocas campeiras)

Nem essas bocas campeiras
Nem essas bocas campeiras...

Composição: Aroldo Torres / Francisco Luzardo / Jorge Leal





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