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Cotidiano

Neco Vieira

É diferente,
Mas é tudo igual,
Todo mundo faz,
O que um outro fez.
Todo mundo acorda cansado,
Todo mundo vive reclamando,
Todo mundo nasceu chorando,
Todo mundo fica arrasado,
E todos já dormiram de tarde,
Atrasam pra um compromisso,
Numa soneca após o almoço,
Vem um sonho, uma dor que não arde.
Todo mundo já usou band-aid,
Todo mundo não sabe o que é lady,
Todos têm preguiça às vezes,
Todos já esperaram nove meses.
Todos sentem necessidade,
E os mais velhos temem com a idade,
Todo jovem quer liberdade,
Todo adulto faz alarde.
Todo mundo tem defeito,
E você não quer falar,
E quando eu morrer vai dizer: "bem feito"
Mas você não quis ajudar,
Só você esperou pelo melhor,
Eu te alertei sobre o pior,
Mas quem é que acredita
Nas idéias de ilusionista?
Todo mundo já tropeçou na rua,
Todo mundo já deu tchau errado,
Todo mundo já andou de perua,
Todo mundo diz ser mal amado.
Todos já tiveram brinquedos,
Todos já passaram mal,
Todo mundo tem medos,
Todo mundo já quis ser cordial.
Todas já levaram broncas,
Todos aprenderam a amar,
Todos gostam de coisas erradas,
Todos querem acertar,
Todos vivem pro dinheiro,
Todos esperam o amor,
Esquecem do cordeiro,
Que por eles, sentiu dor.
Todos já rezaram quando o bolso apertou,
Todos já atrasaram,
E pra não pagar, o filho faltou,
E mais tarde, juros pagaram.
Todos já ficaram descontes,
Com Brasil e Tiradentes,
Com as derrotas de seus times,
Mas todos seguem firmes e fortes.
Todos já sentiram dó dos velhinhos,
De mendigos e crianças,
E gastaram mais do que podiam,
E depois não agüentam cobranças.
Todo mundo já peidou fedido,
Todo mundo já comeu o que sobrou,
Todo mundo sente falta do que passou,
Todos já tiveram um dia corrido,
Toda pessoa sente vontade de viver,
Logo notam, você existe, não há como morrer,
O tempo não passa longe de você,
O mundo ficou a tua mercê.
Parece ser destino,
O futuro deste menino,
Que é a sua dúvida,
A grande ingratidão.
Mas todo mundo já correu da chuva,
Já se sujou na lama,
Já se engasgou com uva,
Já ficou de cama.
Todo mundo dá risada quando não pode,
E todo mundo já imitou bode,
Já preparou algo que não deu certo,
Todo mundo tem mania de se achar correto.
Todo mundo já enfrentou fila,
Já disse ser gusula,
Já odiou a escola,
E um dia passou cola.
Mas não importa o que pensas,
O que importa é que vives,
Dentro do meu ser,
O melhor tesouro que alguém poderia ter.
Todos vivem pro dinheiro,
Todos esperam o amor,
Esquecem do cordeiro,
Que por eles, sentiu dor.






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