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Preto Inocente

Tião Carreiro

Quando eu soube desse fato pelo radio anunciado
Que um tal preto fugido morreu por haver roubado
As façanhas que ele fez me deixou muito amolado
Por alembrar que os pretos sempre são os mais visados

Mas diante da verdade eu vi que estava enganado
Vou contar o causo direito do modo que se passou
Porque o pai de Suzana num criminoso virou
Na hora que deu o tiro foi que a Suzana gritou

Oh papai porque fez isso o senhor nem me consultou
Se eu ainda estou com vida é o preto que me salvou
No mato eu tava lenhando logo pegou escurecer

O caminho que eu voltava eu não podia mais ver
Naquilo avistei o preto de susto peguei tremer
Mocinha não tenha medo escutei ele dizer
Eu sou preto só na cor mal nenhum vou lhe fazer

Eu tava muito cansada o meu corpo não agüentou
Fui sentar debaixo dum toco uma cobra me picou
O preto rancou da faca o meu pé ele sangrou
O veneno da serpente com a boca ele tirou

Pra salvar a minha vida com a morte ele brincou
E aqui nessa cabana ele trouxe eu carregando
E que nem um sentinela na porta ficou vigiando
Lá fora na mata escura as feras tava uivando

Abatido pelo sono coitado foi cochilando
Veio o senhor de surpresa e a vida foi lhe tirando
Com as palavras de Suzana o seu pai pegou chorar
Fosse coisa que eu pudesse de novo a vida eu lhe dar

Com o sangue desse inocente minha honra eu fui manchar
Este chão que ele pisava eu não mereço pisar
Sei que vou ser condenado só Deus pode me livrar


Composição: -





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