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Bagual Picaço

Walther Morais

Certa feita me ajustei na estância do Seu Ponciano
Pra domar um bagual picaço que beirava cinco anos
Crioulo ali dos queimados lindeiro da terra dura
Esse picaço afamado pingo de linda figura
Era o senhor das coxilhas sem nunca ter visto o laço
Tinha por cama as flexilhas o famoso bagual picaço
Trouxe junto com a manada da invernada capororóca
Bufando e corcoveando e coiceando na massaroca

E ao chegar na mangueira deixei a poeira baixar
Enquanto a peonada faceira mateava a te contemplar
Discussões e gargalhadas lá na frente do galpão
Gavolices e patacuadas das lidas de domação
Com jeito botei o laço golpeando sentia o perigo
Aos coices e manotaço passei-lhe o pé de amigo
Arregalei as loncas do lombo daquele picaço enfame
Arcado que nem porongo que dá em cerca de arame

Alcei a perna seguro no Santo Antônio de prata
Já foi escondendo o quengo no meio das duas patas
Saiu berrando e corcoveando só ouvia o ranger dos bastos
Várzeas, canhadas e coxilhas cruzamos riscando os pastos
Ficamos horas extraviados pras bandas do boqueirão
Às vezes perto das nuvens outras pertinho do chão;
Se debulhando o endiabrado do puarva madurão
Inté parecia um mandado que vinha rachando o chão

Entregou-se o rei das coxilhas e atende a qualquer upa
Ficou bueno de encilha e bem mansinho de garupa
Entregou-se o rei das coxilhas e atende a qualquer upa
Ficou bueno de encilha e bem mansinho de garupa.

Composição: Getulio Silva da Silva/Valter Antonio de Souza





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