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Um Fandango No Meu Pago

Walther Morais

Quando eu lembro dum fandando no meu pago
Sinto no peito que o coração se arrepia
Num bate-coxa entreverado na poeira
Batendo casco se vão ao clarear do dia
E o gaiteiro com os olhos meio de louco
Vai atracando tudo junto acolherado
E a sala "véia" que nem bicheira de guampa
Fica fervendo e o povo dança apertado

E uma crinuda retaca cintura fica
Me dá uma olhada bombeando de revesgueio
E já "saímo" se abaralhando no freio
Saio apertando bem sobre o osso do peito
Só escuto não me negando o seu amor
E eu por longe vou sempre pastorejando
Sempre ajeitando como quem faz fiador

De madrugada uma china dá um carão
E um índio maula mete as patas e se boleia
Arranca um trinta abrindo furos na quincha
Deixando banco, outros cruzando a janela
La no palanque o bagual frouxa os arreios
E lá por dentro num redemunho de terra
Fica um candieiro só se guasqueando no meio

Meio apertado brigando contra a parede
Olho pra porta, só vejo saltar faísca
E uma adaga ponta fina e cortadeira
Se vem tinindo e quase que me belisca
Salto pra fora tirando golpes de mango
Tastaviando "quebrano" galhos de flor
Chapéu tapeado e a minha espora cantando
Saio me atando nos flécos do tirador

Dentro do rancho eu só escuto o alarido
Lá no terreiro só se ouve o "pau comendo"
De vez enquando atiro o pala pras costa
Meio outavado tenteio me defendendo
E um touro bravo escarva no pedregulho
E um par de espora roseteando no capim
E lá num canto a piazada se goela aberta
Ninguém se acerta e o baile chega ao fim.

Composição: Euclides Moreira Alves/Ivan Gomes Escobar/Valter Antonio de Souza





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